terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eu e a bicicleta

Fiz 31 anos na semana passada, maridão me deu de presente uma bici (bicicleta, traduzindo pra quem não é o RS) e isso me fez voltar no tempo, e não só porque andar de bicicleta tem cheiro de infância, mas me lembrei o quanto esse veículo fez parte da minha vida sempre.

Cresci em Osório, cidade pequena, dizem a "Terra dos Bons Ventos", sim, venta muito por lá. O único meio de transporte possível por lá era a bici. Hoje até se vê mais carros nas ruas e me disseram que até ônibus tem (na minha época era um chamado "Circular" e que fazia isso exatamente...), mas entre as décadas de 1980 e 1990 a bicicleta era o meio de transporte por excelência.

Lembro com nitidez da minha primeira bicicleta, era dourada, devia ser aro 20, eu devia ter uns 7 anos. Era de segunda mão, mas era uma Caloi. Na época tinha aquela propaganda "Não esqueça da minha Caloi" e obviamente essa era "A" bicicleta. Lembro exatamente do dia: era natal, a bici tava em cima do sofá (um sofá preto lindo...) num canto atrás da porta coberta por um pano. Cada vez que revejo essa cena na memória revivo a emoção de ver aquela bici... Não importava que era de segunda mão, que não veio na caixa e tava até meio "ralada". Minha mãe me comprou uma bici! Todinha minha!!!!

Foi com essa bici que uma vez "fugi de casa" pra casa da minha tia Emídia que ficava há duas quadras de casa. Foi com essa bici que meu vô me ensinou pra quê que serviam os pedais e que tinha que passar óleo na correia. Não lembro que fim teve essa bici. Minhas lembranças com ela acabam aqui. Mas são muito boas lembranças.

Lembro também da Caloi 10 que meu pai tinha. Achava linda aquela bicicleta, tinha um pneu fininho e um guidão que parecia um bode. Hoje re-editaram essa bici e custa uns 3 mil!!! (Ô pai, a gente tinha que ter guardado! kkkkk)

Tive outras bicicletas. E também odiei bicicletas por um tempo.

Minha avó materna tinha um cavalão de ferro enorme, uma bici toda feita de pedaços de outras bicis e cheia de borrachas feitas com câmara. Morria de vergonha dela!!!! Ela andava sempre carregando lenha, chás, matos e ervas de toda a espécie e fazia questão e "sem querer" passar na frente da escola e insistir em me dar carona!! Eu muitas vezes andei empoleirada num toco de árvore ou submersa em mato em cima daquela bicicleta. Por ironia a Vó tava empurrando a bici quando foi atropelada (ou tava a pé? Acho que apaguei essas coisas doídas da memória). Hoje sinto saudade.

Na adolescência preferia caminhar mais de 2km até a escola, mas não ia de bicicleta. Sei lá porque, desconfio que eu tinha vergonha. Bobagens de adolescente que com o tempo passa....

Bobagens a parte era também difícil andar de bici em Osório, já disse pra vocês que é a Terra dos Bons Ventos eu só não disse que esses ventos são bons e velozes!!! Nos dias que tinha que ir contra o vento na Costa Gama era de matar!!!

Foi num baita tombo de bici, descendo o Morro da Borússia que experimentei a solidariedade dos bons amigos. Lembro até hoje do Atílio me carregando toda ralada e doída de volta pra casa e do Cabrito (não sei o nome dele!) carregando minha bici toda arrebentada e depois "endireitando" ela pra mim.

Quando me mudei pra Porto Alegre logo nas primeiras semanas senti falta da bici. Cada vez que pegava um ônibus e descia umas duas ou três paradas depois eu pensava "Putz, de bici ia ser num instantinho!". Cheguei a comprar uma bici, uma Caloi Terra (olha a Caloi de novo...), mas não rendeu muito. Morava no alto da Oscar Pereira, quem conhece POA sabe que é a lomba mais íngreme da cidade!!!! Cheguei a ir pedalando até o Campus do Vale algumas vezes, mas a volta era sempre uma tortura...

Um dia me apertei de grana (um dia? que ironia...) e vendi a bici. Chegou a dar dó.

Mas agora tô feliz de novo!!! No dia do meu aniver peguei a bici e dei meu primeiro passeio com o Téo! Foi ótimo! Olha aê minha magrela:



Sim, é uma Caloi ;-)

O Téo adorou o passeio, até chorou pra descer! Hoje chegou o capacete dele e vamos voar as tranças por aí!!!!

De quebra ainda descobri um bicicletário bem bacana em Canoas, no Conjunto Comercial (com segurança e tudo!) que até cadastrei no Vá de Bici! que tem um Mapa dos Bicicletários de Porto Alegre e região.

Hoje andar de bicicleta tá na moda, é ecológico, é sustentável. Gosto dessa ideia também. Mas devo confessar que andar de bici tem um gostinho de infância, de um "tempo bom que não volta nunca mais"....