sexta-feira, 28 de maio de 2021

Jane Austen: a saga

Em 2014 eu contei aqui sobre a minha saga com a leitura dos clássicos da literatura inglesa escritos por Jane Austen. No início de 2015 prometi aqui nesse lindo blog que escreveria sobre as leituras e seriados e filmes.

Porém, 2015 não foi bem do jeito que eu imaginava não é🤯.... (uma pista aqui)

Pois bem.... Acabei achando uma postagem sobre os livros e filmes no rascunho e resolvi editar e publicar.

Eu li todos os seis livros da Jane Austen e realmente vi quase todas as produções cinematográficas disponíveis! 2014 foi dedicado a esse belo vício que se estendeu a outras autoras inglesas e também a outros filmes e seriados da categoria Period Dramas ou Romantic Period Dramas (period é o termo em inglês para esse período histórico entre o séc. XVIII e XIX).

Eu migrei da Jane Austen para as Irmãs Brontë, passei por Elizabeth Gaskell e li alguma coisa de Dickens (só por causa da treta com a Gaskell) ainda em 2014 e isso se estendeu por 2015.

E o caminho foi sempre o mesmo: ler o livro e depois catar os filmes e seriados pra ver. No caso da Jane Austen eu li também fanfics.

Depois do ciclo Austen-Brontë-Gaskell eu catei na internet uma lista intitulada "150 best period movies", copiei no meu caderninho, busquei as sinopses e etc e marquei os que não me interessaram. Sobraram 146 e eu assisti 28 num intervalo de uns 6 meses (penso que o divórcio em 2015 tinha razão de ser né hahahahaha).

Depois de tudo isso eu descobri que muitas pessoas do meu convívio também gostam desse tipo de livro e filmes. E em 2021 "o mundo" descobriu essa categoria com o lançamento de Bridgerton na Netflix. Eu obviamente vi tudo num dia e amei também! (E ainda foi lançado pouco depois de eu tomar mais um pé na bunda, meu escape atualizado!)

E preciso acrescentar: para a pessoa que lá em 2014 deixava o PC ligado por dias pra baixar as séries e apanhava para achar arquivos srt e sincronizar as legendas, ter as séries e filmes a um clique nos serviços de streaming é a glória!!

Embalada nesse onda eu até organizei os filmes baseados na obra da Austen num drive para algumas amigas e agora resolvi trazer pra cá de forma mais organizada e cheia das minhas opiniões, né? Afinal esse blog se chama Achologias justamente pra isso hahahahahah

Neste post vou compartilhar sobre a musa pioneira Jane Austen.

Jane Austen nasceu em Steventon no interior da Inglaterra em 1775, era filha de um pastor anglicano, compondo uma família pertencente a baixa nobreza agrária; apesar de ter escrito Orgulho e Preconceito antes dos 21 anos, seu primeiro livro publicado foi Razão e Sensibilidade em 1813, aos 38 anos.

Os romances de Jane Austen retratam essa sociedade aristocrática inglesa com muito romance e ironia, eu gosto muito do estilo de escrita dela, é fluido, fácil de ler e com descrições que te transportam para aquele lugar e aquela emoção. Gosto também desses enredos cheios de intrigas, fofocas e conexões entre pessoas.

Um observação importante: sim, tenho muita noção de que ao pensar sobre a sociedade inglesa dos séc. XVIII e XIX estamos falando sobre o projeto colonizador e violento que destruiu a América, não ignoro os fatos. E isso não me impede de curtir esse tipo de literatura, pra mim funciona como ficção científica.

Ao todo Miss Austen publicou 6 romances:

Razão e Sensibilidade (1808)
Orgulho e Preconceito (1813)
Mansfield Park (1814)
Emma (1815)
A Abadia de Northanger (1818 - póstuma)
Persuasão (1818 - póstuma)

Ela escreveu também algumas peças de teatro e deixou umas obras inacabadas, mas não vem ao caso aqui. Um dos livros inacabados, Sanditon, virou série e tá na GloboPlay, mas ainda não consegui uma senha de alguém pra ver (hahahaha). O verbete da Wikipédia sobre ela é bem completo e escrito, interessados clique aqui.

Como eu já disse, eu li todos. Comprei uma coleção bem lindinha <3


Essas capas e essa letra que lembra a assinatura original da Jane Austen é demais pro meu coração.🥰



Eu amo todos, mas o meu preferido, sem duvida é Persuasão. Eu praticamente sinto a dor da Anne, pra mim é onde a Jane consegue descrever melhor os sentimentos e pensamentos da personagem, e esse tem uma das adaptações para o cinema com as melhores cenas. Eu apenas amo. A carta do Capitão Wenthworth é algo tão delicioso que desejei que alguém escrevesse pra mim.

Eu assisti umas 4 adaptações do livro, duas nem vou citar por que eram muito ruins, sobraram duas pra apontar aqui. Uma feita em 1995 e outra em 2007. A ruim é a de 1995, os diálogos são ruins e a atriz que interpreta a Anne não me convenceu.


Agora Sally Hawkings tem o olhar que eu imaginei pra Anne quando eu li o livro. Sim, eu amei forte.

   

Meu segundo preferido é Orgulho e Preconceito. Este ficou na dianteira até eu ler Persuasão (eu li eles na ordem de publicação) e é o preferido do "grande público" e o mais adaptado e citado em filmes e livros. A lista de filmes que mencionam ou repetem a fórmula "Casal que briga mais se ama" é infinita! Ouso dizer que Jane Austen inaugurou na literatura ocidental esse tipo de enredo.

O filme mais recente e famoso a se inspirar o livro é o Diário de Bridget Jones. As referências são muitas, e começam pelo Mr. Darcy ser interpretado por Colin Firth que foi galã sensação ao interpretar o Mr. Darcy "original" na série da BBC que fez um estrondoso sucesso na Inglaterra em 1995. A série foi produzida para a televisão no maior estilo novela e consagrou Firth. A protagonista, Bridget Jones, tem uma personalidade muito parecida com a Elizabeth Bennet, solteira convicta mais ainda apaixonada. E para completar temos como "canastrão" Hugh Grant que interpretou Edward Ferrars, galã de Razão e Sensibilidade no filme "blockbuster" de 1995.

Orgulho e preconceito tem até versão zumbi!!!!

Eu assisti umas 8 versões, entre filmes e séries. Consegui até assistir uma versão em preto e branco de 1940 e sem legenda! hahahahahah 
Sim, eu sou uma pessoa obcecada. 
Li em algum lugar uma vez que já foram produzidos 17 adaptações cinematográficas do livro, se somar as séries e obras inspiradas acho que nem dá pra contar!

Além da versão zumbi, escrita na onda Walking Death e que virou filme mas eu não vi, tem também uma versão super dançante bollywoodiana, Noiva e Preconceito, que eu vi, e confesso que simpatizei, achei engraçado.

As minhas adaptações preferidas são a série de 1995 e o filme de 2005.

Lizzie e Mr. Darcy de 1995

Aqui preciso explicar um ponto: é inegável que os ingleses fazem as melhores adaptações. São clássicos da literatura nacional, então ele têm domínio nesse retrato. Ver as produções estadunidenses é como ver adaptações de Machado de Assis em português com sotaque do Texas! Não tem como comparar uma série de period drama da BBC com algo feito pelo cinema EUA.

PORÉM AH PORÉM

Temos o filme de 2005 feito pela Universal.


A atuação da Keira Knightley é impecável, e boa parte do elenco é inglês mesmo. O Mr Darcy é interpretado por Matthew McFadyen, ator premiado no teatro inglês e figurinha conhecida pelo público da BBC. Receita de sucesso! 

Esse tem disponível na Netflix e vale cada minuto. Eu amo a fotografia, o figurino e as cenas de baile.

Uma curiosidade: a Universal fez uma versão "Tim Sam" do filme com um beijo na cena final. Um beijo nunca acontece nos livros e seria uma blasfêmia para o público inglês, mas eles acharam que ia pegar bem na terra da liberdade. Dizem que a blasfêmia não foi muito bem recebida nos cinemas dos EUA também, afinal literatura inglesa é disciplina da educação básica em vários estados e o pessoal conhece a história.


Outra curiosidade: Bridgerton também é altamente inspirado em Orgulho e Preconceito, eu, uma austenmaníaca, reconheci pelo menos 10 diálogos!! A locação escolhida para uma das cenas mais marcantes do filme de 2005, quando Darcy pede Lizzie em casamento com a seguinte frase "lutei contra o meu senso, as expectativas da minha família e a inferioridade do seu nascimento" (e ela não deixa barato e bota ele pra correr), é a mesma utilizada numa cena de encontro entre o Duque de Hastings e Daphne em Bridgerton. (confesso que bati palminhas quando vi 🤭)

Curiosidade bônus: dizem que a Julia Quinn, romancista que escreveu Bridgerton começou a carreira escrevendo fanfics das obras de Austen. Isso explica o estilo e as constantes referências.

E a medalha de bronze vai para Mansfield Park. Um livro com uma história mais madura e com uma pitada de crítica social (pitadinha né gente, estamos falando de uma escritora que faz parte da aristocracia inglesa...). 


A versão de 1999, traduzida como "Palácio das Ilusões", é a minha preferida. Fanny, a protagonista tem uma pegada cinderela, guria pobre que é acolhida pela parte rica da família, e se destaca como escritora. Nesse livro temos uma referência ao tráfico de escravos, quando Fanny fica horrorizada ao saber que ele existe (gente, é óbvio pra nós, mas imagino que Jane Austen transpôs a sua "descoberta" para a personagem).

É uma produção inglesa, então é bem boa mesmo. Gosto da atuação da Francis O'Connor (Fanny) e do Jonny Lee Miller (que faz também Emma e um seriado meio Sherlock que é bem legal - Elementary)

Agora essa versão aqui é ruim de doer, fujam hahahah



Pela capa já deu pra ver que a qualidade caiu né? As atuações são meio robóticas e os diálogos que deveriam ser "empolgantes" ficam prejudicados. Tão ruim que nem gastei espaço do drive com esse.

Em quarto lugar Razão e Sensibilidade. Uma história que envolve duas irmãs de personalidades diferentes e complementares que é uma lindeza de sentimentos.

Esse livro é o segundo mais famoso, perde só pra OP, e tem quase tantas adaptações quanto o outro. Eu vi várias, mas nessa a BBC ganha de lavada!

Em 2008 foi ao ar na TV uma série de 3 episódios que faz muita justiça ao livro: tem diálogos e silêncios delicados, um elenco maravilhoso e a divisão temporal (3 episódios) bem articulada.

Quem gosta de chorar discretamente, vale o lenço!




E neste caso não falarei das adaptações ruins (são muitas), mas indicar uma outra muito boa, feita em 1995 e dirigida pelo badalado diretor Ang Lee, essa adaptação ganhou até Oscar! Tem um elenco "de peso": Emma Thompson, Hugh Grant, Kate Winslet e Alan Rickman, e é um longa bem longo: 2h20min de filme!!

Como eu disse antes, acho que os ingleses adaptam melhor a sua própria literatura, mas aqui os primos norte-americanos mandaram bem.



Em quinto temos Northanger Abbey. Nesse dá pra notar a influência das Gotic Novels que estavam na moda, tem mistério, uns fantasmas e assombrações. Mas tudo muito pouco, perto da Mary Shelley e o Frankstein é literatura infantil🤭! Esse foi o primeiro livro da Austen, apesar de ter sido o último a ser publicado, e dá pra notar que ela ainda não tinha um estilo próprio, acho que por isso é mais gótico.

A protagonista, Catherine, é meio boba mas ainda assim simpática, gostei do livro, mas o filme ajudou a dar uma melhorada na imagem dela que me fez relevar o ranço inicial.

Esse livro só tem duas adaptações, uma de 1987 e outra de 2007. A 1987 nem consegui baixar inteira, os pedaços que catei no Youtube achei muito, mas muito ruim. A de 2007 é bem boa, a atriz que faz a protagonista, Felicity Jones, é muito boa! (ela tem uma indicação ao Oscar de melhor atriz por "A teoria de tudo")


Por último a mais chatinha de todas Emma. No livro ela já é uma chata, mimada e besta, e daí tem uma versão com Patrow que é insuportável. Achei ruim pra caramba. Mas como achei que era ranço por que o livro é o mais fraco de todos na minha opinião eu vi até a versão de 2020. E só pude concluir: Romola até salva a Emma na série da BBC de 2009, mas não tem jeito. Eu não sou fã da bobalhona da Emma. ahahahahah




A versão de 2009 também tem o Jonny Lee Miller que ajuda muito!

Já a versão Tio Sam com a Gwyneth Paltrow é um pé no saco! #ranço




Por enquanto é só! Em breve sigo postando os livros e filmes.

E pra você que leu até aqui tem um prêmio!

Criei uma pasta com todos os filmes indicados neste post: clique aqui e divirta-se na Austenland

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Devaneios pandêmicos #3

 Compartilhando uma dica de válvula de escape para esses tempos insanos: podcasts.

Na metade do ano passado comecei a ouvir o Afetos Podcast, que é uma delícia! E fala realmente de afetos, de todos tipos e questões muito bem conduzidas por Gabi Oliveira e Karina Vieira. 


Inclusive escrevo essas dicas aqui inspirada pelo último episódio que ouvi sobre válvulas de escape. O episódio sobre Terapia e Saúde Mental me bateu de um jeito diferente, e quando ouvi O poder da vulnerabilidade confesso que chorei.

Em vários momentos parece que as gurias leem meus pensamentos. É realmente muito bom❤

E foi ouvindo o Afetos que soube da existência do Não inviabilize, e um novo vício me tomou!! Nem sei definir bem, mas o Não Inviabilize tem fofoca com responsabilidade hahahahahah


A Deia recebe histórias reais e transforma em contos curtos e deliciosos de ouvir de todos os tipos: tem história pra rir, pra chorar, pra se indignar e pra se assustar. Eu maratonei o que tinha disponível no Spotify e em fevereiro entrei definitivamente para a comunidade no Apoia-se e tenho pelo menos um Picolé de Limão pra ouvir por semana (e pra alegria da mulher trabalhadora por módicos 8 pilas!!)

APENAS AMO! Recomendo fortemente!

A grande dica é: sobreviva a essa pandemia e a esse governo!!




segunda-feira, 24 de maio de 2021

Devaneios pandêmicos #2

Depois da minha separação reaprendi a gostar de ficar sozinha.

Mas na pandemia isso tem sido um incômodo.



Achei que esse trecho ilustra bem.... 

 


sábado, 22 de maio de 2021

Devaneios pandêmicos #1

 Estamos em maio de 2021 e vivenciando o 2º ano pandêmico.

Em março de 2020 iniciou-se um processo de isolamento social por conta de uma epidemia de um tipo de coronavírus, o COVID-19. O vírus começou a circular na Ásia em novembro/dezembro de 2019 e se tornou uma pandemia em março de 2020.

Em março as recomendações de quarentena aumentaram e a gente achou que ia durar uns 40 dias mesmo. Já estamos nessa merda há séculos.

Eu passei a trabalhar em casa em 18/03/2020. Teodoro nessa mesma semana também começou as aulas remotas.

Tudo mudou. Rotina alterada. A casa passa ser o único lugar de existir.

E eu passei por vários processos nesse período, mas o mais marcante é a desesperança. É o mais terrível também.

Olhando ao redor só consigo sentir que falhamos como humanidade, sabe? 

Sei lá, quis compartilhar aqui esse devaneio.