quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Solteira e mãe: e agora?

Hoje, talvez por que estou com saudade, mas com certeza por que eu senti vontade, quero escrever aqui sobre relacionamento.

Postei algumas fotos minhas com meu boy magia e meu filho, e também já fomos vistos em trio por aí, e algumas amigas, principalmente as solteiras e mães, comentaram e mandaram mensagens curtindo a ideia e também lamentando o quanto é difícil encarar um relacionamento quando temos filhos.

E eu me pus a pensar....
Primeiro pensamento: por que somos "obrigadas" a ser """cuidadosas"""?
O pai do Teodoro levou menos de 15 dias pós separação pra apresentar a nova namorada pra ele e não lembro de ninguém se preocupar com isso. Geral preferiu catar suposta traição e querer minha opinião...
Sobre o Téo? Nenhuma linha.

Ok, sabemos a resposta: cultura machista monitora mulheres..... enfim...

A questão que passei a pensar é como a gente se liberta disso. Temos direito de viver vida de gente adulta mesmo sendo mães.

Mas como???

Vou contar a minha estratégia, por que muitas me perguntaram. Sei que não estou totalmente livre, mas escolhi alguns caminhos pra me levar lá.

Passo 1: não banque o ser assexuado pras suas crias.

Obviamente, as crias não precisam ser confidentes tuas, mas eles precisam estar cientes de que sim, mamãe gosta de companhia de adultos e beija na boca também.
É algo sutil, mas necessário.
O Teodoro sabe até alguns nomes de crush, por que ele é muito ligado e pesca as conversas. E sempre que perguntou "quem é fulano?" respondi com sinceridade: "é crush da mamãe" ou "um cara que a mamãe tá saindo "
Ele não precisa dos detalhes, só precisa saber que eu amo ele, mas tenho uma vida separada da dele.

Passo 2: reserve um tempo pra você.

Esse é o desafio maior de qualquer mãe.
Perdi as contas de quantas vezes meu sonho de princesa se resumiu a cagar sozinha!
Abandone a culpa de deixar a cria com Pai/Vó/Dinda/Tia/Babá e fique sozinha.
Saia pra encher a cara ou vá na missa! Não importa. Faça algo sem a cria.
É bom pra ambos.
Os pequenos precisam ter confiança que a Mamãe vai voltar, que a Mamãe sempre estará lá, que a Mamãe ama de longe também.
Não vai ser fácil no início. Eu lembro até hoje da primeira refeição que fiz sem o Téo: como assim comida quente??? Não precisar cortar carne de ninguém foi bem estranho.
Mas foi libertador.

Passo 3: sim, você é um kit. Assuma esse fato e não peça desculpa por ser mãe. 

Não tem como fingir que você não tem filhos, isso é fato da tua vida e qualquer pessoa que queira fazer parte da tua vida tem que encarar isso.
Vai ter dias que tu não vai poder sair por que a cria tá em casa, aquela viagem de feriado tem que ser planejada (se não em trio com quem deixa a cria?), tu vai ir em reuniões na escola depois do trabalho, ou vai buscar o adolescente numa festa no meio da madrugada. E tua parceria tem que saber disso e lidar com essa atenção dividida.

E quando digo encarar não estou incentivando ninguém a suportar relacionamento por causa de filhx. De um lado e nem de outro.
Nem você mãe precisa buscar alguém pra ser pai/mãe pras suas crias ou você que chegou na família tem que "assumir filhx dos outros".
Estamos falando de relacionamento afetivo entre adultos: o mais importante é o afeto e o amor entre os adultos.

MAAAASSSS

O jeito que o/a cara lida com teus filhxs serve pra conhecer o caráter da pessoa.

Uma pessoa que não consegue entender o espaço que tuas crias ocupam na tua vida, sejam elas crianças ou não, é alguém que muito provavelmente não vale a pena.

E não se trata de "instinto materno", trata-se de sinais de abuso e precisamos estar atentas.
Como pode alguém que te ama, te quer por perto, é gentil e tals não considerar uma parte de ti???
É normal mudar agenda quando nos envolvemos com alguém, balada trocada por sexo e Netflix quem nunca, mas se as programações excluem cada vez mais as pessoas importantes do teu círculo, fique atenta.

O boy achar melhor vocês sairem juntos sem a cria é normal, tu também prefere as vezes, mas se o cara some nos findis que a cria está em casa ou nunca inclui teus filhxs nos planos, abre o olho.

Sim, esse boy não te ama e nunca vai amar.
Ele quer mostrar poder e ter controle.

Tu precisa do teu lado uma pessoa que não te enxerga como alguém com paixões e interesses diferentes das que ela espera?

"Ah, mas ele não é obrigado a aguentar o filho dos outros!"

Não mesmo, mas estamos falando dx filhx de quem essa pessoa diz amar/querer, não é "dos outros". Se tua parceria não é capaz de enxergar com ternura e respeito a tua relação com tuas crias, você está diante de um egoísta, e é esse tipo de relação que te faz feliz? Depois de criar filhx sozinha, ou se separar, ou ter uma produção independente tu precisa de uma parceria que desconsidera tudo isso? Ou que se acha mais importante de que tudo que tu construiu?

Sim, você é um kit, e um kit que merece amor e respeito.

Passo 4: sua cria é sua responsabilidade.

Ter alguém pra dividir tarefas e ajudar num perengue é ótimo, mas não se esqueça de que o filho/a é teu.
Quem tem que seguir educando e intervindo nos comportamentos é tu, e o pai/mãe da criança.

Digo isso por que tenho visto muita gente "desobrigando" pai/mãe por conta da presença do padrasto/madrasta, e isso é muito prejudicial pras crias.
É ótimo que o recém chegadx seja bom padrastro/madrasta, mas não estamos numa "competição de amor", trata-se de aprendizado de responsabilidade. Quero que o Teodoro saiba que no futuro, se ele tiver filhxs a responsabilidade sobre as crianças são dele independente da relação que ele tenha com a mãe/pai da cria, e que os relacionamentos podem acabar com respeito.
A gente ensina mais pelo exemplo do que pelo discurso.
Outra questão que deriva dessa: a criança tem que respeitar o recém chegado, afinal é um mais velho e esse é um valor importante. Mas o recém chegado também tem que saber que pegou o trabalho andando e que algumas regras precisam ser respeitadas. No caso das crianças pequenas, as rotinas e hábitos precisam ser mantidas, e se a mãe/pai disse "não pode" isso tem que ser respeitado.
Esse geralmente é um ponto de conflito entre o casal, e aqui mais uma vez é bom lembrar: o desejo de ter uma nova família não pode se sobrepor ao projeto de educação que tu fez pras tuas crias. Respira fundo e avalia: uma alteração de rota pode ser importante, mas mudar completamente o rumo é necessário?
Tu te sente confortável com essas interferências?
Sinta e ouça o teu coração.

Passo 5: não tem lei nenhuma que impeça de apresentar seu namoradx/crush/amante/amor para suas crias.

Se tem uma coisa que se reproduz muito nesse mundo é gente desocupada que se ocupa da vida alheia.
Então se tu decidir apresentar teu novo amor no primeiro dia ou depois de 1 ano vai ouvir críticas. Vai apresentar os amores passageiros ou só relacionamento sério, vai ouvir críticas. Decidiu que o amor só dorme em casa se a cria não está ou colocou a cria a dormir no meio, vai ouvir críticas. Não tem jeito.

Melhor saída: faça como e quando se sentir confortável. E ponto.

Quem tem que estar bem com essa decisão é tu e as crias, o resto é opinião pura e simples.
A casa é tua, as crias são tua e o relacionamento é teu. Ouça as opiniões de coração aberto (quem te ama merece ser ouvido), mas a decisão tem que ser pra fazer a família feliz.

E ouça as crias, mesmo bem pequenos eles têm que participar, e são importantes na tua felicidade. Confie na sua percepção: sabemos quase que pelo cheiro quando as crias estão só de birra ou de fato desconfortáveis com algo. Ouça, veja e sinta. A tua harmonia com as tuas crias são pilares da tua saude mental e deles também.

O último e mais importante passo: Ouça, sinta e permita-se ser feliz!!


Bjs!!

(Epifania de aeroporto... horas de espera podem ser boas.... perdoem a falta de revisão, escrevi no celular😉)