sexta-feira, 23 de julho de 2021

Devaneios pandêmicos #9

 Li esse texto agora no Instagram e preciso gravar ele aqui.



Reposted from @omolojiagbara 

Africanamente reconhecemos que somos a soma de todos os nossos e nossas ancestrais.

Trazermos no corpo as marcas de glória, felicidade e afetos de acolhimento. 

Mas também trazemos as tristezas, a dor do abandono, a tragédia do sequestro de África, as durezas das relações familiares...

Somos a soma, sobretudo, das experiências da nossa ancestralidade familiar que são repassadas de geração a geração na convivência cotidiana. 

E é importante que reconheçamos quais dores se manifestam em nós e que não são nossas diretamente (tão quanto aquilo que nos fortalece). 

Falo das dores, pois comumente são elas que nos paralisam ou nos deixam mais fragilizados. 

Reconheço ser legítimo sentir a dor dos meus e das minhas ancestrais. 

E do mesmo modo eu digo que quero ser o corpo que irá reconhecer essas dores, as feridas e marcas, mas não quero que meu corpo seja depósito, e sim o colo que acolhe e direciona essas e esses ancestrais para a cura. 

Aprendi que meu autocuidado não é “auto”. Muitos ebós, fundamentos, afetos, sessões de terapia, jogos de búzios, tarô, idas ao médico, conversas em grupo... São em paralelo para mim e também para esse povo todo que está em mim. 

Quando Oxum lava primeiro as suas pulseiras ela está lavando as pulseiras da sua ancestralidade, força vigorosa em si. 

Nesse auto/inter-cuidado eu fortaleço a mim e aos meus e minhas ancestrais:

Processo de cuidado profundo, complexo e denso, mas com muito amor, eu cuido de mim/da minha gente... 

👉🏾Texto: Omoloji Àgbára Dúdú- @omolojiagbara

👉🏾 NagôDengo - @nagodengo

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