No mês de julho tivemos Olimpíadas, e eu amo Olimpíadas. Fui atleta na adolescência e curto muito assistir esportes. E nesse ano ainda juntou minhas férias e um friozinho ao evento. Delícia!!!
Acompanhei alguns jogos de muitas modalidades, e quando assisti o jogo da dupla de vôlei de praia me peguei pensando numa frase que deu uma super vergonha: "ela é bem gordinha né?"
WTF?????
Como assim?????
Sherol do céu, como que tu pensa um treco desse?????
Tanto o pensamento como a autocensura me levaram a refletir sobre como temos arraigadas em nossa mente esses padrões dismórficos e tóxicos de corpo.
Gente, nem vou por foto aqui por que real tenho vergonha desse meu pensamento. Mas a atleta em questão é apenas uma pessoa "fora do padrão".
O teto foi o seguinte:
- Não, ela não é gorda.
- Tá, mas e se for? Qual o problema?
- Gente, o que é ser gordo/a?
- E por que um corpo gordo/baixo/alto/ou qualquer coisa que não me diz respeito não poderia estar nas Olimpíadas???
- Que performance é essa que estabelece um padrão estético ridículo quando o que importa num esporte é o desempenho esportivo????
Sim, pensei em tudo isso e mais um pouco (#overthinker).
E perdi boa parte da partida nessa viagem hahahaha
E não termina aí: lembrei das recentes conversas que tive com o Teodoro sobre ser gordo ou não.
Ele tem 11 anos e está passando por muitas metamorfoses, e uma delas é corporal. E ele engordou bastante nesse isolamento social, que somado a fase adolescer é completamente normal.
O problema é perceber que isso tem incomodado ele. Começou com a recusa em tirar a camiseta no calor escaldante e foi até ele verbalizar que não que queria que a gente chama-se ele de gordinho ou fofo.
Alerta vermelho na cabeça de Mamãe!
Até que ponto eu tenho reforçado esse discurso gordofóbico em casa?
O trabalho tem sido esse. Tenho refletido sobre isso e monitorado fortemente as coisas que eu falo.
Talvez por isso o teto maluco sobre a jogadora de vôlei.
Eu, uma pessoa com corpo bem padrãozinho, já passei por essas paranoias de peso e etc. Mesmo que eu tenha praticamente a mesma compleição física de quando tinha 20 anos estando com 40 e parido uma criança, reconheço que o bombardeio de "barrigas negativas" nas mídias ajuda a turvar a visão sobre si.
E o esforço agora é de usar essa bagagem para que o Téo consiga se ver como alguém lindo e ponto.
A conversa aqui em casa tem sido sempre sobre as maravilhas que o nosso corpo é capaz de fazer. Valorizar as mudanças e metamorfoses como algo sagrado, bonito e essencial.
Não sei se vai funcionar, mas estamos na batalha.
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