terça-feira, 28 de junho de 2011

Acessibilidade

Tá aí um tema que gosto muito, acessibilidade.
Descobri esse termo quando fui trabalhar no MUHM e simpatizei de cara: acessibilidade = direito de acesso.
Durante a gravidez a simpatia aumentou e hoje me vejo vasculhando os lugares atrás de acessibilidade. Descobri o valor de um corrimão e de uma rampa ao carregar um barrigão!

Hoje, como faço diariamente, peguei o ônibus para ir trabalhar em Porto Alegre (moro em Canoas) e numa das paradas o cobrador saiu do seu banco e foi até a porta dianteira (local de embarque) auxiliar uma senhora, já bem velhinha e com uma muleta, a embarcar. Gentileza? Sim, com certeza. Mas não seria muito melhor e mais digno que ela pudesse embarcar sozinha??
Acessibilidade não é privilégio, é um direito.

Quando foi implantada a Integração Metropolitana no transporte de Canoas ocorreram diversos problemas e a orientação (aqui) era de que os usuários enviassem suas sugestões, críticas e reclamações para a Metroplan e para a prefeitura de Canoas. Bueno, como de praxe foi o que eu fiz.

Não vou transcrever aqui os e-mails, mas comecei reclamando dos horários e alteração do itinerário na linha Estância Velha - POA e aproveitei para reclamar da situação do carros, essa foi uma das fotos que anexei na primeira mensagem:



Reclamei de pagar R$ 2,95 para andar nessa charanga velha e a resposta foi a seguinte:

"Esse ônibus de prefixo 571 tem 17 anos é de 1994. Porém, nada impede de o mesmo circular se esteja em perfeitas condições de funcionamento. As fotos enviadas não demonstram nenhum problema aparente, os bancos da modalidade comum nesse caso não podem estar com os estofamentos rasgados ou com sua estrutura de fixação solta. Pelas fotos verificadas não estão com tal irregularidade, agora que o mesmo é um ônibus antigo isso podemos concordar, mas a empresa está gradualmente tentando renovar sua frota."


Vejam, um ônibus com 17 anos de estrada, barulhento, poluidor, desconfortável. Ruim para os passageiros e com certeza para o motorista, que deve estar surdo com o barulho e com a coluna em frangalhos por conta da suspensão de mais de uma década. Mas isso não é um problema.

Enfim... minha resposta foi a seguinte:

"Obrigada por tua resposta. Realmente parece que não há irregularidade no carro, há somente uma imoralidade, e como essa é subjetiva agradeço a tua compreensão e seguirei reivindicando meus direitos como usuária do transporte coletivo. É difícil de engolir que em Porto Alegre até as lotações sejam acessíveis e com ar condicionado e em Canoas sejamos "obrigados" a pagar tarifa semelhante e usar um serviço humilhante."


E então mencionei o que a minha vista é uma irregularidade: existe um decreto federal (5296/2004) que trata da Acessibilidade, o capítulo V chama-se "Acessibilidade aos serviços de transportes coletivos" que prevê uma série de normas. Não sou advogada, mas na minha leitura leiga foi possível notar que os ônibus devem ser acessíveis. Isso tudo em 2004. Em 2011 a VICASA não tem nenhum ônibus com elevador, nem sequer um com degraus mais baixos, que ajudariam e muito. Repito, não sou advogada. Mas não parece que tem algo errado aí?

Questionei a Metroplan e a resposta foi chocante:

"A Vicasa dispõe de apenas um ônibus com elevador na sua frota. Somente os ônibus fabricados a partir de 2009 já vem com elevador instalado. Um decreto estadual estabelece que a empresa que tenha em sua frota mais de 20 ônibus tem a obrigação legal de ter pelo menos um ônibus com elevador. Quando a empresa renovar sua frota vai estar conseqüentemente tendo mais veículos com elevador. Vou encaminhar seu email com essas observações para a empresa."


Hã?!!!

Entendi bem????!!!! Devemos aguardar um tempo "natural" de renovação da frota??????!!!!! Pagando R$ 2,95 de passagem????!!!

Para o mundo que eu quero descer!


Minhas principais dúvidas são: a Vicasa tem só 20 carros? Pode uma legislação estadual se sobrepor a uma legislação federal? Pode uma população com mobilidade reduzida esperar pra andar de ônibus? Bancos, lojas, e até prédios históricos tombados, que a princípio não poderiam sofrer nenhuma alteração, estão se adequando a legislação de acessibilidade: rampas, pisos táteis, braile. Do que isso adianta se a pessoa não pode chegar a estes locais?

Canoas é uma cidade que está se modernizando. Em vários aspectos. Na programação da Feira do Livro de Canoas deste ano estavam indicadas "rondas de acessibilidade". Não acompanhei, infelizmente. Mas até onde pude acompanhar as notícias, nada mencionou a situação do transporte coletivo. Quando toquei no assunto com o Secretário de Transportes e Mobilidade de Canoas na Ágora ele saiu de ladinho dizendo que Vicasa não é problema dele. A Metroplan também se esquivou.

É problema de quem então? DO USUÁRIO, ORA!! Quem mandou querer andar de ônibus!
Se você é idoso, quebrou a perna, está grávida, torceu o tornozelo, tem que carregar um bebê no colo ou é obeso FIQUE EM CASA OU COMPRE UM CARRO. Essa é a mensagem da Metroplan pra você.

Mais uma pergunta: porque a Vicasa é intocável?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Você sabe com quem está falando? Saiba a resposta!!!

Recebi esse vídeo via twitter, RT pela @Karinalopesxx  e achei fantástico, vou ainda decorar a lição e sempre que ouvir algum boçal perguntando "Você sabe com quem está falando?" responder com classe!!!

O vídeo tem quase 10min mas vale a pena!!!





Quem sou eu pra achar que o único modo de fazer as coisas é como eu faço?
Quem sou eu pra achar que a única cor de pele adequada é a minha?
Quem sou eu pra achar que o único lugar bom pra nascer foi onde eu nasci?
Quem sou eu pra achar que o único sotaque correto é o que eu uso?
Quem sou eu pra achar que a única religião certa é a que eu pratico?

Quem sou eu? Tu és o Vice-treco do sub-troço!


Palestrante: Mário Sérgio Cortella.

domingo, 19 de junho de 2011

Projeto ViDHas

Estou participando desde o ano passado do projeto ViDHas do Centro de Memória da Carris. O projeto é um produto da exposição "ViDHas: histórias de lutas e conquistas dos negros pelos Direitos Humanos" em que fui convidada para fazer parte, olha aê o painel com a minha biografia:




Não preciso dizer que fiquei mega-lisonjeada com o convite da Renata Andreoni, do Memória Carris. Topei na hora!

Além de mim, tem mais 3 personagens contemporâneas: Jorge Terra, Lorecinda Ferreira Abrão e João Cândido de Oliveira Neto. Um luxo!!!

E como se não bastasse o projeto ganhou novas cores: itinerância nas escolas!!!!

Aí sim, ficou mara!!!

A ideia é que escolas de Porto Alegre recebam os banners das exposição e um dos personagens para uma palestra sobre a exposição e principalmente sobre Direitos Humanos da população negra.

Após alguns meses organizando a parada começamos a itinerar pelas escolas, nas últimas duas semanas estive em duas escolas: no dia 08/06 na Escola Vila Cruzeiro do Sul e no dia 16/06 na Escola Vitor de Brito.

Adorei ir nas duas escolas! A possibilidade de conversar com crianças e adolescentes sobre um tema tão duro como o preconceito racial de forma franca e aberta é realmente uma experiência incrível.

Na Escola Cruzeiro do Sul, uma das perguntas que mais gostei foi de um aluno que relatou que na rua dele tem uma "véia" que não gosta de negros, e que a criançada joga pedras na casa dela por isso. Antes mesmo de que eu começasse a discorrer sobre o "violência não leva a nada" um dos alunos saiu com essa: "Aí mesmo que ela não vai gostar de negros mesmo!". Vejam: não foi sequer necessário que eu falasse, somente a possibilidade de eles debaterem isso coletivamente já fez "brotar" uma solução.

Obviamente aproveitei a deixa pra conversar sobre isso com os alunos, falamos muito sobre como devemos nos portar diante do preconceito, das ofensas, da dor que sentimos quando somos desrespeitados. Aproveito sempre pra falar de "empatia", que temos sempre que ter em mente que não é o melhor caminho "a mesma moeda" e que pra sermos respeitados devemos ter respeito também. E a acolhida foi ótima.

Olha aê as carinhas das figuras!!!




Na escola Vitor de Brito foi ótimo também!

Participaram duas turmas uma de 7ª e outra de 8ª série, a professora Simone, de História, fez a gentileza de me adiantar que eles já haviam trabalhado alguns temas da exposição em sala de aula, que a turma de 7ª por exemplo estava trabalhando escravidão, e a de 8ª estava começando a falar de Imperialismo e Apartheid. Mais perfeito impossível!!!!


Além disso a exposição estava bem no hall de entrada da escola.

Nessa escola pude utilizar o projetor, então acho que falei um pouco menos heheheheheh


Os alunos eram mais velhos, por isso um pouco mais fechados, fizeram quase nenhuma intervenção ou pergunta, mas sempre que provoquei algum questionamento eles respondiam, sinal de que não dormiram pelo menos!


Na verdade devo confessar: acho que quem mais se beneficia disso tudo sou eu mesmo. Pra mim é extremamente enriquecedor esse contato, a possibilidade de todo meu conhecimento e batalha poder servir de exemplo e possível rumo pra algumas cabeças é maravilhoso!!!


Saiba mais sobre a exposição:

O que é o projeto? Aqui.
Como surgiu? Aqui.
Agendamento de escolas: carrismemoria@gmail.com e 3289-2168
Blog do projeto: http://vidhasitinerancia.blogspot.com/

sábado, 18 de junho de 2011

Gabinete Digital: democracia em rede

Já tinha comentado aqui que fui convidada para o cerimônia de apresentação do Gabinete Digital, ferramenta de interação do estado com a população.

Eu fui, dei uma de tiete com o Paulo Henrique Amorim e tirei horrores de fotos do Palácio!!!

Essa é só pra dizer que tava pertinho kkkk


Morri de orgulho: não só a apresentadora escolhida é negra como o chefe do Gabinete do Tarso, Vinícius Wu também!

Olááááááá tudo béim?? kkkk



As fotos do Palácio fica pra próxima...



Na verdade devo dizer que fiquei bem empolgada, achei o projeto ambicioso. As ideias que mais gostei foi de poder demandar diretamente ao Governador através do "Governador Responde" e também "chamar" o governador para determinada região através da "Agenda Colaborativa".

Tinha um monte de coisas a comentar, mas acho melhor que tu veja o vídeo do lançamento, fica mais claro:

























Na semana que passou o Governador respondeu a primeira pergunta, que se referia à Segurança Pública. A pergunta teve 858 votos! (veja a resposta aqui)

No tema Educação, que eu achei que ia ganhar disparado, a pergunta com mais votos tem 106. Acho que faltou mobilização. Mas também temos que lembrar que esse primeiro momento não ia ser muito mais que isso não, as pessoas demoram um pouco pra tomar conta da ferramenta e entender bem qual o propósito e o funcionamento.

Em linhas gerais posso pontuar algumas coisas.

* no item navegação ele é excelente, primeiro porque usa software livre e segundo por que tem um design limpo e sem grandes "firulas" (leia-se flash e outras cositas) que acabam dificultando o acesso de quem não tem um PC mais encorpado, ou não tem muita "intimidade" com navegação. Nesse ponto ganha disparado da Ágora Virtual de Canoas, que precisa do Microsoft Silverlight e é todo cheio de flash e etc... fica lento e é um saco. Sempre fico tentando imaginar uma pessoa que mal e porcamente usa e-mail tentando acessar uma coisa dessas, no caso do Gabinete até rola, mas no caso da Ágora no primeiro acesso já aparece aquela perguntinha na tela "Deseja instalar?", pronto, a pessoa já acha que é vírus e nem continua! #fail

* falta na página inicial um cantinho para o cadastro/login, tu só descobre que deve se cadastrar quando acessa uma pergunta ou quer fazer uma. Aí já se foi um precioso tempo e é bem possível que tu não consiga voltar pra onde tu estava...

* por ser software livre não tem desculpa para faltar ferramentas de acessibilidade para pessoas com deficiência! Os vídeos não têm LIBRAS, não é possível aumentar as letras e contrastes das páginas e seria ótimo contar com um leitor de tela. Conheci durante um seminário sobre acessibilidade um leitor de tela em software livre e acredito piamente que a equipe de TI do Gabinete pode fazer rodar no site, é só querer. (saiba mais sobre essa ferramenta no Projeto F123). LIBRAS e contrastes nem se fala!!! Melzinho pra equipe do Gabinete!

* outro ponto positivo: agenda realista. Não dá pra querer que o Governador do Estado dedique um dia na semana pra ficar on-line, então a saída de votação para as perguntas serem respondidas e gravar vídeos com as respostas é excelente. Organiza melhor o tempo, sem deixar ninguém no vácuo. Além de "obrigar" as pessoas a se mobilizarem pra ter suas perguntas respondidas. Mais um ponto pra democracia.

* modernização do Estado. E não estou falando aqui somente da ferramenta de controle social, mas de uma visão mais moderna de gestão do Estado. Não dá pra ter twitter e facebook e ficar se achando o "moderninho", pra mim a TI é uma ferramenta poderosa de gestão eficiente e inteligente, basta ver que que grandes empresas da iniciativa privada já conhecem e exploram há anos esse potencial. Porque o poder público tem que viver na era do carimbo e três vias???? Na página do Gabinete Digital é possível ler um folheto chamado "Gabinete XXI. Democracia, Transparência e Gestão na Era Digital" (saiba aqui), onde são apresentados outros dispositivos, além do Gabinete Digital, adotados pelo Governo para a melhoria da gestão da coisa pública. Mais um ponto a favor.

Eu pretendo tirar um tempinho e colocar minhas questões pro Governador responder, então quem me acompanha nas redes sociais, desculpem, mas vou incomodar em breve!!!!!

Pra quem também usa o Gabinete e quer dar pitacos sobre o site a orientação é mandar as sugestões por e-mail para gabinetedigital@gg.rs.gov.br

No twitter é @gabinetedigital

domingo, 12 de junho de 2011

Esclarecendo uns pontos...

Rendeu o meu post anterior. Esse humilde blog ainda bebê recebeu umas 500 visitas que muito me orgulharam.. Por isso achei por bem fazer um post esclarecendo alguns pontos.

Na verdade vou esclarecer um só ponto, o meu ponto de vista.

Todas concordamos que foi uma piada desagrádavel. Mas eu continuo achando que foi só uma piada. (O que gostei mesmo foi de ver o debate que rendeu, hehehehe)

Sinto que acabamos chamando atenção demais para o que não era importante. A divulgação do mamaço por exemplo se ressentiu disso. Eu mesmo apesar de me considerarr uma "mami conectada" só soube da confirmação do mamaço de Porto Alegre em cima da hora. No twitter só se falava em CQC...

Enfim...

Antes quero agradecer a "ButecoFeminino" pela indicação do texto do Marcelo Rubens Paiva que gostei bastante e as gurias da Rede Mulher e Mãe.

Vamos aos fatos.

O que pretendo aqui é explicar o porquê que fiquei tão passada. Acho que sei o porquê: tenho "trauma" de "feministas". Assim com aspas para não desrespeitar a história grandiosa desse movimento.

Pra tentar explicar vou começar contando um episódio da minha biografia, por assim dizer.

Minha mãe se separou do meu pai em 1988, eu tinha 8 anos e minha irmã 5. Não ouve briga aparente. Nunca vi meus pais se agredirem. O amor acabou, e para eles isso já justificava a separação.

Minha mãe teve que ouvir da própria mãe que não a queria "desquitada". Uma vergonha.

Nessa ocasião minha mãe tinha passado num concurso público e trabalhava 500km distante das filhas (sim , tu não leu mal quinhentos quilômetros!! Só hoje consigo dimensionar a dor).

Ela engoliu a dor da separação e os olhares preconceituosos, a saudade das filhas, e manteve uma boa relação com meu pai. Ele seguiu morando conosco por anos. Eu só fui descobrir os detalhes "sórdidos" da separação já no final da adolescência. Pra nós foi simplesmente dito "o pai e a mãe agora não são mais namorados". O máximo de problema que essa história me causou na época era explicar aos colegas do colégio porque meu pai e minha mãe moravam juntos e não eram mais casados ;-) Seguimos, eu e minha irmã, numa infância dentro dos padrões, com pai e mãe sempre por perto.

Minha mãe é uma mulher de fibra. Lutou pelos direitos dela, exigiu sempre igualdade de tratamento e não se deixou abater, nunca deixou ninguém dizer a ela que não poderia fazer algo por ser mulher.

Minha mãe é então uma feminista? Sim, mas desconfio que ela nunca tenha gostado desse rótulo, ou até que nem tenha se visto dessa forma.

E eu peguei verdadeiro nojo dele.

Eu vi uma "verdadeira feminista" em ação.

E vi também minha mãe ter amigas que militavam no movimento, por assim dizer, tinham discursos embasados, empunhavam bandeiras e gritos de ordem mas em casa acabavam com as mãos no tanque esfregando cuecas. Mantinham casamentos infelizes para não ficar "sem marido", e outras ainda que procuravam nos casamentos a segurança financeira do futuro.

Minha mãe me ensinou com sua trajetória que os homens não são um inimigo a ser combatido. Ela poderia ter nos afastado do nosso pai com a separação. Seria considerado até natural. Afinal os filhos são das mulheres e aceitamos bovinamente que homens paguem pensão e mantenham-se a distância e até sumam. Ela preferiu ter meu pai por perto e com isso nós ganhamos um pai e meu pai uma oportunidade de crescer. (Hoje sei que o preço foi alto, meu pai não foi o ex-marido perfeito.)

Acho que é por isso que reações como a da Lola me incomodam tanto. Seriam os homens a encarnação do mal na terra?

Acredito que a responsabilidade de um mundo melhor, inclusive de homens melhores, é também das mulheres.

Nesse episódio especificamente. Quantas de nós, mães e mamíferas, que saímos em defesa do mamaço propusemos essa discussão entre os homens que nos cercam? E não estou falando apenas dos maridos, falo também dos nossos pais, irmãos, filhos, amigos.

Poucas. Tenho certeza que poucas.

Algumas me dirão: "Ah, mas o meu marido não entende dessas coisas" ou "Meu irmão é muito novo, nem dá pra falar com ele sobre isso."

Todas respostas prontas de quem considera os homens seres incapazes.

Eu não acho.

E acho mais: o mundo é tão das mulheres que está nas nossas mãos mudar os homens também.

Pra mim o mundo precisa muito mais, agora, do movimento feminino do que do movimento "feminista".

Tá passando da hora das mulheres pararem de reclamar dos homens e tomar atitudes pró-ativas. Eu falo isso muito também porque tenho a responsabilidade de deixar para o futuro um homem mais educado e consciente que atende pelo nome de Teodoro.

Por essas e outras razões que achei desproporcional a reação contra o CQC.

Chega de mimimi mulherada!

;-)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Basta! De quê mesmo?

Ontem, na blogosfera materna todas fomos convocadas para mais uma mobilização: "Eu digo um basta e você?". A mobilização foi convocada pelas sempre tão lúcidas gurias da Rede Mulher e Mãe. Passei o dia desconectada, então fui me inteirar do assunto.

Vou resumir com as minhas palavras: uma pessoa pediu que o pessoal do CQC, da Band, divulgasse o Mamaço Nacional que vai acontecer no domingo. E os caras fizeram piada.

Só.

Simplifiquei demais?

Não acho. Na verdade acho que estão dando luz demais para o que não é importante.

Sim, é um absurdo o que aconteceu no Itaú Cultural. A mobilização foi importante, temos realmente que defender nosso direito e de nossos filhotes. Sim, o episódio das fotos "censuradas" no Facebook também mereceu mobilização. Sim, o maluco que comparou amamentação com masturbação mereceu um esporo público na web.

Mas ficar achando que uma piada é perseguição, pra mim, é demais. O Jornal Nacional, até onde sei, não divulgou o Mamaço também, alguém aí apedrejou o William Bonner?

Porque ninguém convoca uma blogagem coletiva contra o Zorra Total? Há anos não vejo esse programa, mas na última vez que recordo tinha uma mulher nua atrás de uma cerca de madeira que lhe cobria apenas a genitália e os seios, ela se esforçava para que um "caipira" a aceitasse. Assim, de brinde. Quer algo mais escroto que isso? Mulheres oferecidas como souvenir em rede nacional.

Isso pra não falar no Pânico, com suas siliconadas rebolantes enfeitando o palco, ou ainda semi-nuas passando por provas completamente humilhantes.

Ah, mas são programas de humor, deixa pra lá! E o CQC é o quê? Programa de orações?

Vivemos a paranóia do politicamente correto. E o pior, a ilusão da democracia: "Sou super democrático, desde que sua opinião não seja contrária a minha.". Esquizofrenia pura.

No post que convoca a blogagem lemos a seguinte frase: "Blogagem Coletiva - Um BASTA à proibição".

Opa, perdi uma parte: que proibição????

Até onde sei único fato "novo" nessa do Mamaço era o tal comentário no CQC. O Rafinha Bastos e o Marcelo Tas são bem "influentes", mas suas opiniões não têm força de lei. E muito menos pra me fazer parar de amamentar onde bem entender.

A polêmica tomou corpo com um post no blog da Lola, gostei do texto, os dois que têm esse tema (aqui e aqui). Diz ela que o Tas quer processá-la. Bueno direito dele, se sentiu ofendido paciência. Ela perdeu a mão em alguns momentos, mas tb tem direito de dizer o que pensa. Empate técnico.

Vou no Mamaço do domingo, defendo com unhas, dentes e peitos o meu direito de alimentar meu filho onde eu quiser, onde me sentir confortável. Mas não vou aderir a blogagem coletiva porque detesto fundamentalismos, de todos os tipos. Sigo com a bandeira PRÓ-AMAMENTAÇÃO, bandeiras "contra" não me atraem muito.

Pra fechar, vou citar um texto que saiu hoje na Zero Hora, do David Coimbra (não tenho o link pq recebi via e-mail). Não sou fã dele, muito menos da ZH, mas nesse texto ele se puxou e concordo em gênero número e grau:


03 de junho de 2011
DAVID COIMBRA

As vítimas do Brasil

OBrasil atingiu um nível de tolerância intolerável. Estamos sob a tirania dos mais fracos. Basta o sujeito ser de uma suposta minoria para oprimir a suposta maioria. Exemplo da hora: os ciclistas de Porto Alegre. São os oprimidos opressores do momento. Um psicopata engatou uma terceira e tocou o carro por cima de uma vintena deles, semanas atrás. Um crime, um absurdo e tudo mais. Mas por que os ciclistas estavam ocupando TODA a via PÚBLICA na hora do atropelamento? Por que os ciclistas de Porto Alegre, quando pedalam em grupo, continuam ocupando TODA a via pública?

Outro dia alguém se queixou por ter ficado 15 minutos preso atrás de um pelotão de ciclistas, numa sexta à noite. Disse assim, o queixoso:

– E se eu estivesse indo para o hospital? E se fosse uma emergência?

Ora, não é preciso haver uma emergência para censurar quem bloqueia a via pública sem permissão. Posso estar indo ao cinema, ou para a minha casa, ou posso estar simplesmente rodando à toa, não interessa, eles NÃO TÊM DIREITO de obstruir a rua. Só que o caso do atropelador psicopata lhes conferiu uma arrogância desafiadora. Já vi ciclista xingando motoristas, ameaçando chutar a lataria do carro. Eles agora são inimigos do motor à explosão, defensores intransigentes da tração animal. E ninguém pode dizer que prefere andar de carro. Por quê? Porque se transformaram em vítimas. A vítima pode tudo, no Brasil.

O cara fala nóis fumo, nóis vortemo, nóis pega os livro, mas num sabe lê? Não ouse corrigi-lo. Se o fizer, você revelará todo o seu preconceito linguístico, você será da classe dominante que oprime a classe dominada com a gramática. Pobre classe dominada, sufocada por mesóclises e concordâncias perfeitas. Há que se tolerar quem não fala a “norma culta”. Se o professor disser que quem fala nóis pega us livro está “falando errado”, o aluno vai se traumatizar, vai “se sentir entre dois mundos”. Mais uma vítima nesse país de vítimas.

As verdadeiras vítimas do Brasil são os poderosos. Ou os supostamente poderosos: os parlamentares. Você quer posar de revolucionário, de defensor dos mais fracos, de corajoso? Enxovalhe o parlamento. Fale que é tudo culpa dos políticos, inclusive daquela taipa que você elegeu. É sempre saudável desancar um político. Faz bem para a pressão, alivia o estresse, todo mundo concorda com você e você se sente... uma vítima. Todos somos vítimas dos políticos.

Agora mesmo, em meio à polêmica Bolsonaro-homofobia, ouvi gente boa defendendo publicamente o fim da imunidade parlamentar. Seria o mesmo que acabar com o Legislativo. Porque o deputado pode até ser uma besta, mas ele tem direito de dizer besteira. Ele é um parlamentar; o parlamentar parla. Bolsonaro está defendendo ideias retrógradas e tacanhas porque representa um eleitorado retrógrado e tacanho. Que tem direito à representação. Bolsonaro diz que não aceitaria que o filho dele fosse homossexual. O eleitorado dele também não aceitaria. Eu mesmo, eu aceitaria sem problemas que meu filho fosse homossexual, desde que não fosse corrupto ou vegetariano.

Pronto. Acabei de transformar os vegetarianos em vítimas."


As feministas dirão que ele é machista e lerão "mensagens subliminares" que dizem que todas as mulheres são fracas. Para essas já liguei o botão do FODA-SE.

Eu não sou vítima de nada, a não ser das minhas próprias ideias.

Quem sabe alguém também não goste de mim e me dê uma audiência de graça ;-)




P.S.: Gosto do CQC, gosto tanto do Tas quanto do Rafinha. Quem já viu A Liga, outro programa da Band, entende um pouco melhor o "personagem" Rafinha. Mas não acho que eles tenham assim tanta importância.

P.S.: Como sempre a @maedemerda traz um ponto de vista interessante, leia o post aqui

P.S: descobri a pouco que o vídeo polêmico se quer foi em rede nacional, foi na continuação do CQC na web... afff..... link aqui